Personagem bastante conhecido seja por freqüentadores das religiões onde atua como entidade, por sua notável malandragem, Seu Zé tem sua imagem reconhecida como um ícone, um representante, o verdadeiro estereótipo do malandro, ou porque não dizer, da malandragem brasileira e mais especificamente, carioca. Trata-se de uma corrente que, de uma forma ou de outra, permeia o imaginário popular da cultura brasileira e, portanto, carrega suas egrégoras tanto como outras.
Um do seu maior destaque está justamente no fato do Seu Zé ter uma tremenda elegância e competência, mesmo sendo negro (levando em consideração que, para a época em que os negros e brancos viviam praticamente isolados, apesar da existência de uma numerosa população mestiça nas grandes cidades brasileiras, e que desse abismo social implicava também uma grande divisão financeira de classe social). É como se a figura do Seu Zé torna-se representativa da própria dignidade do negro, deixando para trás a idéia de um negro “arrasta-pé”, maltrapilho ou simples trabalhador braçal.
Em sua origem, Seu Zé torna-se famoso primeiramente no Nordeste… Primeiro como freqüentador dos catimbós e, depois como entidade dessa religião. Vale destacar aqui que o Catimbó está inserido no quadro das religiões populares do Norte e Nordeste e traz consigo a relação com a pajelança indígena e os candomblés de caboclo muito difundidos na Bahia.
Conta-se que ainda jovem era um caboclo violento que brigava por qualquer coisa mesmo sem ter razão. Sua fama de “erveiro” vem também do Nordeste. Seria capaz de receitar chás medicinais para a cura de qualquer mal, benzer e quebrar feitiços dos seus consulentes. De acordo com Ligiéro (2004), Seu Zé migra para o Rio de janeiro onde se torna nas primeiras três décadas do século XX um famoso malandro na zona boêmia carioca, a região da Lapa, Estácio, Gamboa e zona portuária. Segundo relatos históricos Seu Zé era grande jogador, amante das prostitutas e inveterado boêmio.